Eu estava totalmente sem ideias sobre o que escrever por aqui, o que não é uma grande novidade, não é mesmo? E então, estava olhando o twitter e algum jornal postou algo sobre o trabalho dos sonhos, não lembro exatamente a chamada e não abri para ler a matéria, mas achei legal escrever sobre isso, porque tenho pensado um pouco sobre trabalho ultimamente.
Muitas pessoas devem sonhar em encontrar o trabalho dos sonhos. No meu primeiro dia na Panini, pensei: "Nossa, quero trabalhar aqui pelo resto da minha vida". Trabalhar com entretenimento é uma das coisas mais divertidas que existem, pelo menos para mim. Foi um grande privilégio ter encontrado em trabalho tão legal bem no começo da minha carreira. Então, por que pedi demissão pouco mais de seis anos depois?
Primeiro, quero dizer que seis anos é muito tempo. Acho que nenhuma fase da minha vida durou seis anos, portanto, o tempo que passei na Panini foi o mais longo se for dividir minha vida em partes. Depois, quero dizer que uma vez ouvi alguém dizendo algo do tipo (talvez não exatamente com essas palavras, mas lembre-se de que minha memória é ruim): "Sabe aquela frase 'Trabalhe com o que ama e não precisará trabalhar nenhum dia da sua vida'? Então, é mentira, porque em algum momento, você vai precisar trabalhar". Isso é totalmente verdade. Pelo menos para a maioria das pessoas, acredito eu, afinal, estou falando como a pessoa que encontrou o trabalho dos seus sonhos e depois o abandonou sem arrependimentos, até agora. A verdade é que nenhum trabalho é perfeito, sempre vai ter algo de que você não gosta e que vai incomodar mais cedo ou mais tarde. Além disso, trabalhar com seus hobbies faz com que você o veja com outros olhos. Depois que trabalhei na Panini, nunca mais li um gibi da Turma da Mônica do mesmo modo (na verdade, depois que saí, talvez eu nunca tenha lido um gibi). Fiquei com um olhar de editora e não foi só com o gibi da Turma da Mônica ou com os álbuns de figurinhas, mas com publicações em geral. Sempre acabo achando algum erro e presto atenção em detalhes que antes passavam batido.
Bom, acho que trabalhar com aquilo que você gosta é um privilégio e ajuda bastante na vida, afinal, passamos mais de um terço do nosso dia no trabalho e deve ser bem difícil ficar fazendo algo de que você não gosta. Digo que é um privilégio primeiro porque é provável que os trabalhos mais legais sejam os que não oferecem tantas vagas assim; segundo porque são poucas as pessoas que podem trabalhar com aquilo que gostam, talvez porque seja difícil se formar naquilo. Estamos no Brasil e muitas pessoas trabalham para ter o que comer e estão tão preocupadas em sustentar a família que nem sequer tem tempo (literalmente) de pensar naquilo que gostam, muito menos de correr atrás do tão superestimado emprego dos sonhos (e isso foi algo que só descobri no meu sabático quando saí um pouquinho da minha bolha, mas isso pode ser assunto para outro post).
Enfim, estou procurando um novo emprego dos sonhos, mesmo sabendo que ele não existe. Quero um emprego do qual eu goste, porque no começo ele pode ser o trabalho perfeito, e quando ele não for mais, ou quando eu não for mais a pessoa adequada para ele, passo para a próxima fase da vida.
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