Eu ia escrever sobre isso um pouco mais pra frente, porque daqui a alguns dias vai fazer um ano que comecei a trabalhar de casa e a quase nunca sair.
Mas ontem vi um vídeo do Atila (é longo, mas vale a pena ver. Se você achar que tudo o que ele está falando é exagero, também pode ouvir o podcast do Estadão Notícias e se desesperar mais ainda) e fiquei bem desanimada com o rumo que as coisas estão tomando. E bem desesperada também, afinal faz dois dias seguidos que o Brasil bate recorde de mortes por covid desde o começo da pandemia. E a tendência é piorar, já que não estão sendo tomadas medidas mais drásticas e não estamos fazendo a nossa parte (sim, me incluo nessa porque tenho saído de casa para ver alguns poucos amigos e familiares).
É uma situação bem difícil porque as pessoas que fizeram o lockdown e a quarentena certinho não aguentam mais ficar em casa e se sentem idiotas por estar em casa enquanto algumas pessoas que têm condições de ficar em casa não estão fazendo isso. Também tem as pessoas que não podem ficar em casa porque precisam sair e trabalhar para ter comida na mesa. O governo mais atrapalha do que qualquer outra coisa... enfim, parece um beco sem saída.
O pior, se é que dá para individualizar, talvez seja que as pessoas se habituaram em ouvir o número de mortes e casos confirmados. Virou uma informação cotidiana a de que os hospitais estão lotados. Isso ocorre principalmente quando os casos não são próximos a você. E vida que segue.
Se tivéssemos feito tudo certo desde o começo, não precisaríamos estender por tanto tempo as medidas. Agora, é tarde. Na verdade, sempre foi tarde porque as medida só são tomadas quando a situação já chegou no limite e sempre são feitas com um passo atrás. São Paulo vai entrar na fase vermelha no domingo, quando na verdade, deveria fazer um lockdown sério. Decretou fase amarela nos fins de semana quando na verdade deveria ter ficado na vermelha. Sempre estamos correndo atrás do prejuízo em vez de nos adiantarmos para não precisar ter esse prejuízo.
Já faz um ano e parece que ainda vai longe. Não tem como prever as consequências de todo o descuido. Pode ser que apareçam mais variantes e que precisemos de outra vacina no Brasil. Pode ser que toda essa bagunça fortaleça ainda mais o vírus. Pode ser que muitas pessoas ainda tenham de morrer pra ver se as pessoas criam um mínimo de consciência. Ou empatia. Ou parem de se acostumar com as notícias e dados e percebam que se tratam de pessoas e não números.
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